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    ENTROPIA: DRAMATURGIA DA DISSOLUÇÃO E A REINVENÇÃO DO CORPO RITUAL   VINHO E CATARSE: COMO "ENTROPIA" DISSOLVE O ESPECTADOR PARA REINVENTÁ-LO: O espetáculo que oferece vinho, proíbe uso de câmeras (fotografia e filmagem) na medida que transforma a plateia jovem em celebrantes de um ritual dionisíaco contemporâneo.   O RITO COMEÇA NA TRANSGRESSÃO: PRÓLOGO AO CAOS O teatro exige o rigor cronométrico do tempo. Dois minutos de atraso — talvez três — são pecado venial contra a pontualidade cênica. Mas a arte, por vezes, convida à pequena transgressão. Ousei cruzar o limiar do Barracão Entropia mesmo assim, sabendo que ali dentro já tinha começado algo que exigia mais do que presença. Para minha surpresa, a recepção não foi barreira, mas oferta eucarística profana: a produção me estendeu uma pequena taça de vinho. Nenhuma palavra, apenas o gesto — tome, beba, entre. Aceitei o cálice e deslizei para a primeira fila, a zona de perigo, acomodando-me ao lado ...
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  A POÉTICA DAS ÁGUAS EM  MONET Claude Monet (1840-1926) estabeleceu-se como uma figura singular na história da arte, não apenas por sua técnica revolucionária, mas pela profunda relação que desenvolveu com o elemento aquático. Monet representou as superfícies aquáticas como espelhos luminosos e mutáveis, como no emblemático Bridge over a Pond of Water Lilies (1899), onde a ponte japonesa de Giverny se reflete no lago repleto de nenúfares. Suas pinturas transcendem a mera representação paisagística para constituir uma verdadeira poética das águas - um conjunto coerente de princípios estéticos e filosóficos que transformaram reflexos líquidos em espelhos da alma humana. A complexidade dessa poética aquática tornou-se evidente durante minha visita à exposição "A Ecologia de Monet" no MASP (16 de maio a 24 de agosto de 2025), curada por Adriano Pedrosa e Fernando Oliva. A mostra, organizada em cinco núcleos temáticos, revelou dimensões até então pouco exploradas da relação ...